3 de fevereiro de 2009

Dis(correndo) sobre o tempo

Muitas pessoas, que fingem ser entendedoras do assunto, dizem que o tempo é indefinível por palavras e que é o melhor caminho para se adquirir experiência. Outros afirmam, sem medo, que ele é algo relativo, ou como já cantavam os integrantes da banda Pato Fu: “Tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda, eu sei. Para você correr macio”. Para mim, o tempo não passa de uma bela desculpa esfarrapada, quando mencionado em algumas situações. E é para exemplificar alguma dessas situações que esse texto foi feito. Portanto, não perca tempo e leia o que tentarei explicar, mas já peço desculpas antecipadamente, se por acaso não agradar as expectativas daquele que deseja uma resposta extremamente bem elaborada. É que o tempo para redigir essa crônica foi curto.Bom, aqui começam meus argumentos. Um dia desses, estava eu intrometido em uma conversa entre anciãos (homens e mulheres com idade superior a 60 anos, antes disso para mim são adultos), quando, de repente, um senhor disparou a frase: “No meu tempo, os jovens respeitavam os mais velhos”. Sinceramente, daqui a 50 anos também irão dizer que, nos tempos de hoje, os jovens respeitavam os mais velhos, o que pode ser mentira, ou não, mas os adolescentes dessa futura geração acreditarão fielmente nessa desculpa de que, no passado, os tempos eram melhores. E o pior é que nunca vão descobrir se isso é mesmo verdade. Outro bom exemplo para provar que o “tempo” em si só é mencionado como objeto de desculpa é aquela situação de “pé na bunda”, em que o deprimido(a) desabafa as mágoas no ombro amigo, ― coitado ― e escuta aquele célebre conselho: “Relaxa que o tempo cura tudo”. Típica fala de quem não sabe o que dizer, pois após passar um tempinho, tudo pode simplesmente ficar melhor, ou piorar drasticamente. As conseqüências variam conforme a situação. Mas o que realmente interessa é que, nesse momento, o que o desiludido(a) necessita não é ouvir que em um futuro desconhecido a ferida irá se curar. E de quanto tempo isso se trata? Meses? Anos? Seria bom se as pessoas parassem de se “pré-ocupar” com hipóteses e tentassem dar conselhos que sirvam para o presente.
Olha, se segurem nas respectivas poltronas que vou revelar a cruel verdade: o tempo (seja lá o que for) é algo inarrativo, não pode ser interpretado por qualquer leigo (assim como eu). Os adolescentes que reclamam que ele passa rápido demais, os moradores do interior desprovidos de tecnologia que afirmam que ele passa devagar, assim como Cazuza, que o define em um clichê, estão completamente errados. O tempo não pode ser reduzido a tão pouco, e nem definido com tanta facilidade. Só se sabe que ele sempre decorreu exatamente igual. O relógio analógico só vai marcar a passagem de um minuto para outro, se o ponteiro dos segundos der a volta completa e se movimentar 60 vezes, (a não ser que ele esteja com algum problema de mecanismo), ou seja, depois da invenção dos ponteiros do relógio nem precisaria mais questionar a constante regularidade do tempo, muito menos abusar dele quando não se tem outra desculpa. E se você não faz idéia de quando inventaram os ponteiros, ― por favor! ― já faz tanto tempo que nem me lembro mais.

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