Sim, o Palhaço Nostálgico foi ao cinema com uma garota de programa para ela comentar, analisar e apontar as semelhanças entre o filme e a sua vida..! O filme Bruna Surfistinha, estrelado por Deborah Secco, vem alcançando um sucesso gigantesco. Desde sua estreia, no dia 25 de fevereiro, o longa já arrecadou cerca de R$ 18 milhões e ultrapassou a marca de 2 milhões de espectadores. Na trama, baseada na vida da ex-garota de programa Raquel Pacheco, drogas, promiscuidade e violência se alternam em mundo repleto de luxo, glamour e poder. Mas será que a vida de alguém que segue o mesmo caminho da personagem se assemelha com a história contada no cinema? Para tirar essa e outras dúvidas, eu acompanhei uma garota de programa em uma das sessões do filme. A acompanhante topou fazer as análises e os comentários pertinentes, se baseando na própria história e em tudo o que vê a seu redor.
O salto alto, a maquiagem e as joias escancaram uma mulher confiante. O corpo definido demonstra a preocupação exacerbada com o físico, sua principal arma de sedução. Assim é Laura, acompanhante de luxo que já trabalha no ramo há quase dez anos, quatro deles, em Londres, cidade onde morou algum tempo. Em seu site, praticamente todo em inglês, a descrição que ela mesma faz do serviço que oferece é curta e clara. “Meu atendimento é vip e personalizado. Não estou disponível para muitos, pois prefiro manter um grupo seleto de amigos. Se demonstrar interesse em um encontro seja o mais específico possível”, salienta. Laura afirma que o filme retrata uma verdade, mas não a verdade absoluta. “Cada caso é um caso. Não podemos generalizar e falar que todas passam pelas mesmas coisas, mas muitos dos elementos mostrados é a mais pura realidade”, destaca.
"Fazer programa é um hobby para mim”
No auge da carreira, Laura chegou a esbanjar: ganhava até 10 mil libras por mês, (em torno de R$ 26 mil reais). Sem precisar se preocupar com dinheiro, ela acabou se acostumando com o glamour que uma vida como essa proporciona, mas sempre se atentou para não deixar isso subir a cabeça, como ela acredita que aconteceu com Bruna. “Acho que eu não deixei o glamour me consumir porque, quando comecei, não era mais tão jovem. De qualquer forma, é difícil abrir mão disso depois que se tem uma prova”, argumenta a acompanhante.
Assim como a personagem do filme, Laura também resolveu deixar sua confortável vida de classe média para se transforma em uma garota de programa, pois se sentia incompreendida e queria se tornar independente. Porém, ao contrário de Bruna, ela não decidiu levar essa vida enquanto era adolescente, mas só depois de completar 30 anos de idade. “Não é comum começar nessa idade, mas foi na época em que eu percebi que tinha que mudar minha vida”.
Apesar de não se sustentar mais só dos programas que faz, a garota de programa assume que vive muito bem financeiramente e interpreta os programas como um simples passatempo. “Hoje em dia, eu faço faculdade, tenho outros trabalhos e encaro esse serviço mais como um hobby”, explica. Ela cobra de R$ 400 a R$ 1,5 mil por programa e tem uma média de três encontros por semana Hoje, seu maior meio de divulgação é a internet. Apesar de não ter se tornado uma celebridade do mundo virtual como Rachel Pacheco – que contava suas noites íntimas através de um blog – a brasiliense também usa a internet para se promover. “Já participei de um site conhecido no Reino Unido e considero o meio muito importante. Definitivamente, internet é o que há”, conclui Laura.
Sexo e drogas... e mais drogas.
No filme, a cocaína é consumida diversas vezes. Laura assume que é algo comum. “Não tem como negar que a droga está presente nessa rotina. Eu mesma já experimentei muita coisa”, revela a acompanhante. Já o uso de preservativo não é reforçado no filme. Em uma cena de alguns segundos, Bruna é mostrada enquanto abre uma camisinha. Sobre isso, Laura disse que deixar o acessório de lado não é comum, mas acontece. “Eu já deixei de usar pelo menos umas três vezes”, confessa.
O perigo de amar e ser amada...
Bruna Surfistinha teve casos que se prolongaram por conta de alguns clientes apaixonados. Presentes, jantares e até mesmo dinheiro foram oferecidos com o objetivo de tirar a mulher daquela vida. Pode até parecer ficção, mas não é. Laura garante que também já houve casos em que clientes confundiram o trabalho com amor. “Um senhor chegou a me sustentar. Ele me dava tudo do bom e do melhor. Assim, eu nem precisava trabalhar”, conta. Depois de adquirir um certo status, a acompanhante vip decidiu investir em si própria. Já é formada e está cursando a segunda graduação. “No fim do filme a personagem fala que, depois de tudo, passou a se conhecer muito mais. Nisso eu concordo plenamente. Tudo foi parte de um processo de autoconhecimento e hoje eu não me arrependo de nada. Adoro o que me tornei e só me tornei o que sou por tudo que passei”, finaliza.
Se você ficou curioso e deseja conhecer uma pessoa assim, procure entre as profissionais do ramo, pois quem sabe você não encontra uma versão diferentemente similar da Bruna Surfistinha...
*Matéria publicada no Jornal Alô Brasília
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